Poéticas da América Latina e a casa: o corpo em delírio
DOI:
https://doi.org/10.23899/relacult.v5i5.1502Resumo
A partir de uma pesquisa sobre a casa nas poéticas contemporâneas da América Latina e de um mapeamento de poéticas que se relacionam com esse espaço, observei que lidava majoritariamente com um corpo delimitado por mulheres. Na dúvida da relevância dessa estatística – esse dado poderia refletir apenas um fator pessoal de leitura – optei por levá-la em consideração. Se a casa também representa um lugar imposto às mulheres, talvez seja oportuno e necessário refletir sobre esse lócus na produção da escrita feita por essas mesmas mulheres. Assim, nessas poéticas contemporâneas, o corpo apresenta-se como um lugar na construção das textualidades porque também é ele que tenta dar conta daquilo que a linguagem não supre, sem reduzi-lo ao lugar do significante, o corpo é a metáfora de reflexão sobre a casa. Ampliando a mirada para uma ideia de perspectivismo multiculturalista latino-americano e observando pelo viés histórico, não comprovamos as várias formas de contenção que foram impostas às mulheres, mas são esses aspectos que nos mostram como os tsunamis das teorias feministas européias chegaram até nós como marolas, como ainda é necessária uma visão interseccional sobre a América Latina. O espaço da casa, quando convertido em cerceamento, busca invisibilizar esse corpo e mantê-lo sob tutela, buscando sua domesticação. Por isso, trago à baila a temática da loucura e a casa manicomial dentro das textualidades poéticas da América Latina produzidas por mulheres. Nesse recorte, procuro pensar o corpo-casa que se apresenta nas poéticas de Stela do Patrocínio, Maria Isabel Abad Londoño e Alejandra Pizarnik.
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