“Corpos Castrados”: Testemunhos de Resistência Autoinfligida aos Poderes da Heteronormatividade
DOI:
https://doi.org/10.23899/relacult.v4i3.1046Palavras-chave:
Análise do Discurso, homofobia, tentativas de suicídioResumo
Para filósofos e sociólogos, o ato de tirar a própria vida, embora seja aparentemente individual, é cercado por circunstâncias sociais, visto que o suicídio está enraizado em uma população; nela se recria, dela se nutre e através dela, vive. Apesar disso, a discussão sobre o tema sofre interdições constantes das instituições que mediam informações e constroem o verdadeiro da época, como a mídia, a escola, a família e a Igreja. Com a disseminação do acesso e dos efeitos das mídias digitais, enunciados-acontecimentos sobre suicídio têm emergido e se acumulado no ambiente virtual. Considerando tais condições de possibilidade e pensando com Michel Foucault, analisamos discursos sobre o suicídio como um produto resultante de fatores sociais, como uma resistência autoinfligida contra as técnicas de objetivação que incidem sobre o corpo homossexual ou transexual. Nosso corpus consiste na música Indestrutível, interpretada por Pabllo Vittar e suas reverberações nas redes digitais. Selecionamos dois vídeos publicados no YoutTube e um texto publicado no Twitter contendo depoimentos de sujeitos assumidamente homossexuais ou transexuais sobre objetivações de seu corpo e a relação disso com o sofrimento psíquico. A fim de analisar os relatos, utilizamos as noções de enunciado, dispositivo, corpo discursivo, parresía, dentre outros. Verificamos, também, até que ponto a resistência provoca incisões através de sacrifícios que ganham ressonância nas redes sociais. Isso hipervisibiliza confissões íntimas que, no entanto, já se acumulam no corpo social e seguem silenciadas ou ofuscadas pela heteronormatividade.Métricas
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